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21 de Março | Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

Se não tivéssemos os ouvidos moucos, ainda ouviríamos o lamento do negro na senzala com suas lembranças na África.

Se não tivéssemos os ouvidos moucos, ainda ouviríamos o choro das mães das periferias lamentando a perda de seus filhos para uma violência desmedida.

Se não tivéssemos os ouvidos moucos, ainda ouviríamos mulheres que são violentadas e mortas todos os dias, simplesmente por serem mulheres.

Se não tivéssemos os ouvidos moucos, ainda ouviríamos o trabalhador lamentando a falta do alimento em sua panela vazia.

E onde estamos, sociedade, sem ouvir todos os choros e lamentos. Continuamos sem entender que uma sociedade é um ser vivo, ou seja, está sempre em movimento com as suas mutações e simbioses.

Cada dia criamos dispositivos para limpar as feridas abertas, muitas vezes com agua de esgoto que corre abundantemente pelas periferias das cidades deste imenso país. São feridas que não fecham, só sangram.

Será que existe forma de racismo ou está institucionalizado nas entranhas desta sociedade que se diz democrática.

Quando não se tem uma história, ou melhor, quando não se conta uma verdadeira história, apaga-se pensamentos, vivências, ou seja, a verdade passa ser a do agressor.

Às vezes tratamos o racismo como algo corriqueiro e não como um crime abjeto, imprescritível. Sendo assim, falar de racismo em uma sociedade que se diz democrática ainda é um tabu. Por isso há uma amálgama social para encobrir esta mancha indelével chamada racismo.

Toda discussão só será sensata e justa quando todos os atores estiverem em pé de igualdade para debaterem, de forma democrática, o que querem para um futuro próximo, sem as diferenças impostas por uma estupidez chamada racismo.

A discussão está posta. Cabe a todos e todas, de forma uníssona, gritar bem alto para que os ouvidos moucos possam escutar em uma Sociedade

Democrática de Direito sobre esta chaga, ou seja, “racismo não cabe mais!”.

– Adnilzon da Silva Soares

Presidente da Comissão de Igualdade Racial OAB 57º Subseção Guarulhos