Apesar de vivermos numa sociedade que se diz democrática, é fato que o Estado não respeita, voluntariamente, os direitos dos cidadãos, e não é raro que no exercício do Poder se pratiquem abusos, e por essa razão o direito é um instrumento tão fundamental para a consecução da justiça, e neste contexto o papel da advocacia se faz muito relevante.
A Constituição Federal consagra que o advogado é indispensável à administração da justiça, porém a cada dia que passa mais e mais violações são cometidas contra os advogados e consequentemente contra os cidadãos por eles representados.
Por muito tempo o acesso ao Judiciário era limitado àqueles detentores da riqueza, e a advocacia era restrita a uma pequena casta de tradicionais escritórios. A proliferação dos cursos jurídicos trouxe diversos resultados e tem mudado substancialmente a advocacia como a conhecíamos. Hoje o perfil da advocacia está mudando, e para melhor. A advocacia da atualidade precisa ser mais dinâmica e mais próxima do povo.
A cultura do contencioso judicial dominou e ainda domina o imaginário de muitos que só reconhecem a atuação do advogado num contexto de litigância em juízo. Porém, o papel do advogado é muito maior que este.
O conhecimento jurídico adquirido pelo advogado pode nortear as relações humanas e comerciais, a fim de evitar, sempre que possível, a litigância judicial. Há muito se ouve falar da falência do sistema de justiça de nosso país, fruto, em grande parte, do elevado número de processos, fatores que o tornam lento e incapaz de dar a resposta que a sociedade precisa.
Muito tem se caminhado para a busca de métodos alternativos para a solução dos conflitos, porém, está se cometendo um grande equívoco, ao excluir deste processo o papel fundamental do advogado.
É certo que, por muito tempo, o único foco de estudo para grande parte dos advogados foi a atuação em juízo, no entanto o momento histórico cobra de nós advogados outras expertises.
O advogado deve estar preparado para atuar na seara preventiva e consultiva, além é claro de pensar na advocacia como um negócio, ou seja, precisa ter noções de administração, marketing, gestão de pessoas e processos, pois sem isso, não conseguirá ter sucesso nesta nova quadra da história.
Na constituição de uma sociedade de advogados, se faz necessário reunir profissionais com qualificações diversas, não somente quanto a área de atuação, mas principalmente com conhecimentos complementares para a gestão do escritório.
Em suma, repensar a advocacia é uma necessidade não só para o sucesso profissional, mas principalmente para cumprirmos o nosso papel na construção de uma sociedade mais justa, contribuindo com a preservação das liberdades e garantias individuais.
Alexandre de Sá Domingues