Propósito é tudo aquilo que nos move, nos enche de entusiasmo e determinação; sem propósito a vida se torna vazia e sem graça. O advogado, por vezes, absorvido pelas tarefas e angústias diárias é levado a se esquecer do papel fundamental que desempenha numa sociedade dita democrática. O exercício da advocacia, mais do que uma profissão, é um sacerdócio. A advocacia, conforme consagrado no texto constitucional (art.133), é indispensável na consecução da Justiça, pois ao advogado incumbe a função de atuar em favor da parte mais frágil na relação com o Estado, o cidadão, que invariavelmente é vilipendiado em seus direitos e garantias mais fundamentais, tais como a liberdade, propriedade, opinião, saúde e segurança, se vendo indefeso, precisará de alguém que lhe represente, que lhe defenda e que brigue por ele. Como já dizia o grande advogado Sobral Pinto, ícone na defesa dos direitos civis durante os períodos de ditadura, “a advocacia não é profissão de covardes”. A sociedade tem nas advogadas e advogados verdadeiros combatentes contra o arbítrio que permeia o Poder. A advocacia quando exercida por pessoas vocacionadas é, sem dúvida, uma das mais belas profissões que existe, isso sem demérito a nenhuma outra. Em seu juramento ao advogado assume a defesa dos direitos humanos, a Justiça social e a boa aplicação das leis.
Mas por que o conceito que a sociedade tem da advocacia, por vezes, é negativo e pejorativo? Em parte pela má atuação de alguns profissionais, mas na maioria das vezes o advogado é visto como aquele “do contra” e é alvo de ilações feitas pela grande mídia, no entanto isto não deve esmorecer o advogado, que justamente deve estar preparado para adotar posições contra majoritárias, porém a favor dos direitos de seus constituintes.
Desconsiderar o papel imprescindível da advocacia, só beneficia aqueles que se valem da fragilidade do povo para violar seus direitos, convencendo-os a adotar uma postura passiva e submissa.
Ao se aproximar mais um Dia do Advogado (11/08), devemos nos lembrar que nossa profissão tem sim um grande propósito, e que é comum a todos nós, qual seja, o de garantir a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna, que começa pelo respeito às garantias fundamentais insculpidas no texto constitucional, tão duramente conquistadas e cotidianamente violadas.
Alexandre de Sá Domingues
Presidente